Que deslumbre!!!
Eu posso voar!
Posso avistar daqui de cima
as pequenas casas de seres humanos tão grandes.
Monto uma prosopopéia;
dou vida às ruas, cores e postes.
Apareço entre o bando de aves que emigram.

Passo por entre as nuvens
enormes para emergir ao alto,
mudando sua forma.
Como é bom voar!
Visito pessoas distantes de mim,
não há espaço intransitável,
Sinto uma paz inarrável,
Sensação que me domina e que é a única coisa a qual me agarro para não cair do céu.

Num vôo rasante, assusto, emociono, divirto, zango.

Mas, enfim, o que importa se eu vôo?

Mesmo que esse vôo figure apenas no plano de meu delírio de sonhos, solidão e esperança?